Crônicas
Em Plena Festa
2022-08-22 09:02:41

Wilson Márcio Depes

A festa de Cachoeiro é adequada para lembrar sons da infância. Foi isso que aconteceu comigo hoje. Aliás, preciso dizer, sonhei que estava fazendo primeira comunhão, na catedral de São Pedro, recebendo a hóstia das mãos do padre Jeferson. Acordei com uma música na cabeça e fiquei o dia inteiro cantarolando ela. Foi assim: “O meu coração/ é só de Jesus/ a minha alegria / é a Santa Cruz. Nada mais desejo/ nem quero sinal/ que viva Jesus/ no meu coração”. Mais não é só isso. Só na hora de escrever a crônica é que, como contei ao Ziraldo em minhas confidências saudosistas (ele, Caratinga, eu Cachoeiro) foi que me dei conta de que havia alguma coisa errada numa das rimas da minha musiquinha das rezas do mês de maio. Sinal não rima com coração. A não ser que seja uma rima toante, uma licença poética, uma pessoa parecida com rimar mãe como também, como fazem os portugueses. Aí voltei lá para a catedral de minha infância para ouvir as vozes de amigas, cujos rostos embaralham em minhas lembranças. Só não esqueci que as vozes eram possantes e não precisavam microfone. Bem, já que estou por aqui, com reminiscências de Cachoeiro, lembro que meu avô materno, aquele que se parecia com Drummond – aliás, que Drummond parecia com ele – me viu cantando, em casa, sozinho, depois da missa: “” Mais e mais / em Deus seguro/ trem de ferro cheio de cristão”. Completamente paciente me explicou: “Não é isto, meu filho. O certo é Tende fé, sede cristão!”. Deu trabalho a ele me explicar que para estar seguro eu não teria que sair por aí, bebendo cristãos. O fato é que eu, ainda, não estava entrando na conjugação dos imperativo. Nunca podia imaginar que tende e sede pudessem ser verbos. Nem eu, nem o Mané Padeiro, com quem aprendi a cantar. Mas a melhor lembrança é do amigo Osvaldo Lofêgo, que faleceu recentemente. Perguntou ao Padre Jeferson se poderia - era obrigatório a ficar em jejum antes da comunhão... – tomar ovos quentes. Como a resposta foi afirmativa, ele, feliz, gritou: “Vou entrar no ovo!”. Não houve sobriedade que resistisse!!!

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