Crônicas
As palavras e a história
2022-08-22 12:10:55

Wilson Márcio Depes

Foi uma das eleições da OAB mais concorridas dos últimos anos a que se passou na quarta-feira (28). O advogado José Carlos Rizk Filho, derrotado nas últimas eleições (há três anos atrás), pelo advogado Homero Mafra, por pequena margem de votos, foi o grande vencedor. A eleição da OAB, como havia observado aqui em colunas atrás, ganhou grande importância não só pelo momento político que estamos vivendo, mas também por um certo desamparo que os jovens advogados estão vivendo. Saem da faculdade e são jogados no mercado avassalador. Atemoriza. Quando me formei, no discurso de orador da turma, fiz críticas à qualidade do ensino, principalmente pela falta de prática. Lembro-me que comparei o advogado recém-formado ao médico que pudesse sair da faculdade sem conhecer um cadáver. O advogado, quando não trabalhava em escritórios de advocacia, se formava sem conhecer um processo. À época, o diretor da faculdade me replicou dizendo que, de qualquer modo, a cidade tinha ganho com mais 100 profissionais. Estava enganado. Os tempos mudaram. Mas os jovens – e os mais experientes também – advogados estão sofrendo com um mercado avassalador. Pagam anuidade cara e nem sempre recebem o retorno que esperavam.
Homero Mafra, nove anos na OAB, enfrentou essa crise e cedeu lugar, agora, para José Carlos Rizk, menos experiente politicamente, mas com boas propostas e convívio diário com advogados mais jovens, sem desprezar os mais experientes. Mostrou-se maduro na condução de sua campanha e, pelo que vejo, veio para ficar. É só cumprir metade do que prometeu e fará uma boa gestão. Mexendo com prudência nos poucos municípios onde foi derrotado, administrará a OAB por bom tempo. Tem humildade e competência para tal. Evita polêmicas estéreis. As portas da OAB estarão sempre abertas para qualquer reivindicação. É de fácil acesso e vivendo num tempo em que os advogados precisam de amparo e uma OAB forte. O advogado precisa ser recolocado no lugar que faz jus. Pelo menos é o que esperam todos que votaram nele. Afinal, as palavras escrevem a história.

Crônica Revista Leia - Publicada em 01/12/2018

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