Crônicas
Faltou o velho Zacarias...
2022-08-22 16:34:39

O 1º de junho marcou o início da flexibilização das regras de isolamento em vários estados, inclusive Espírito Santo. Evidentemente, não se trata de um “liberou geral”. Ocorre, no entanto, que isso foi uma irresponsabilidade. Exatamente porque se começou a relaxar a quarentena num momento em que não há qualquer sinal de controle da epidemia. Ao contrário, os números ainda são desoladores. A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que a pandemia na América do Sul, onde o Brasil é o epicentro, ainda não atingiu o pico. Ou seja, o pior ainda está por vir.   Estão relaxando as quarentenas quando têm mais de 90% de suas UTIs ocupadas. Assisti à entrevista preocupada do prefeito Victor Coelho (PSB) com essa situação, em busca de diálogo. Mas é pouco. Entende-se que as finanças públicas tenham sido dizimadas pelo novo coronavírus e que isso esteja pressionando governadores e prefeitos. Mas o Brasil, que já somam mais de 500 mil casos e quase 30 mil mortes, inova ao relaxar as quarentenas antes que haja um decréscimo do número de infectado sede óbitos. Destoa de outros países, como Itália, Espanha e EUA, que, depois de enfrentarem situações críticas, conseguiram, com isolamentos radicais, reduzir a curva da doença. A ver aonde essa arriscada estratégia nos levará. Soma-se a isso o comportamento Presidente Bolsonaro que, em sua total irresponsabilidade com a pandemia, disse terça-feira (02/6) que a “morte é inevitável”.  As suas pajelanças desatinadas com o dinheiro público, na contramão dos mais elementares princípios humanos, lhe devolveu 70 por cento de desaprovação. Mais: aprovado no Congresso Nacional no início de maio, o socorro de R$ 60 bilhões para que estados e municípios atravessassem a pandemia ainda não saiu do papel.  Conseguiu unir, contra si, além dos movimentos em favor da democracia, até mesmo as torcidas organizadas. As torcidas assumiram a linha de frente pró-democracia. O fato de serem torcidas desarmou um pouco a retórica dos bolsonaristas. Tiveram que sair do argumento político para o moral, de que as organizadas são “violentas”, “promovem o caos”, o velho estigma. Mas, o que se vê, é a reação contra um suposto golpe militar, incentivado por uma ideologia de extrema direita.    Bolsonaro não possui hoje prestígio político ou eleitoral para sustentar uma reeleição tão ambicionada. E essa é uma orientação fundamental para os candidatos a prefeito e vereador nas próximas eleições. Por fim, está certo, temos problemas aos montões e não podemos mesmo nos dispersar muito cuidando de questões que ocorrem em outros países. Estou falando do assassinato estúpido do negro George Floyd. O Brasil, a rigor, se calou ou quase nada. Mas o prefeito de Cachoeiro que não é Bolsonaro, bem que poderia se manifestar, principalmente depois da declaração do presidente da Fundação Palmares sobre o movimento negro. Não que a estupidez de Sérgio Camargo pudesse surpreender alguém, mas tenho certeza que Newton e Rubem Braga estariam aplaudindo, de pé, o prefeito Victor. Nem que homenageasse, somente e por representação, o velho Zacarias, rei do caxambu. Ainda há tempo. Aliás, contra o racismo sempre há tempo, como na luta a favor da democracia.

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