Depois de tudo que passamos, este ano parece mais esperançoso. Joe Biden assumiu a Presidência dos Estados Unidos, e Donald Trump, graças a Deus, foi-se embora. Vade retro Satanás. Aqui, começou a ser aplicada a vacina contra a Covid-19. “Merecíamos um domingo assim?”, indagou a sempre brilhante e lúcida Dra. Margareth Dalcomo. Virou o jogo? O velho e experiente jornalista Élio Gaspari diz que sim. Com sua sabedoria, de quem escreveu a história da ditadura no país que começou em 1964, afirma que dois centros irradiadores de ansiedade e morte perderam a iniciativa. O capitão Bolsonaro e o general Pazuello podem dizer o que bem entenderem, mas há luz no fim do túnel: quando serei vacinado, onde? Trump continuará assegurando que ganhou a eleição, mas Biden está no Salão Oval. O velho ditado diz que a gente não se livra de pedra na mão de doido e coice de mula. Será? Gaspari terá farto material para escrever nova coleção sobre a história de nosso país, história esta que ainda não terminou. Aliás, sempre digo isso, escreveu a melhor obra sobre a ditadura militar. Mas, a rigor, tem razão quando diz que Bolsonaro e Pazuello continuarão em guerra contra João Doria, mas foi ele quem acelerou a chegada da vacina. No caso do relacionamento com o governo de Joe Biden, o problema será outro. Excetuando todas as pirraças de uma diplomacia que se sente bem colocando o país na condição de pária, haverá uma nova realidade na Casa Branca. (Na Índia, a vacinação maciça imunizará seus párias, antes que as vacinas do general Pazuello cheguem aos marajás de Pindorama.). Mas nada tira a felicidade em ver o prefeito Victor Coelho, que se preparou adequadamente para receber a vacina, subindo os morros para acompanhar a vacinação dos velhinhos no asilo. A grande e terrível verdade é que, se o presidente da República e seus Ministros continuarem morando na trajetória de suas verdades paralelas, ficarão delirando sozinhos, como certos amigos bolsonaristas empedernidos, se alimentando de fantasias e cloroquina. Acham ainda que o Brasil está no centro do mundo e que nossa Constituição é apenas um brinquedo. Ulisses Guimarães, com razão, referiu-se à Carta promulgada em 05 de outubro de 1988, como a Constituição Cidadã, aquela que veio para proteger o povo pobre e sofrido do Brasil. Pelo menos era o que ele esperava...