Crônicas
Livrando do Preconceito...
2022-08-22 17:41:25

Escrevi crônica esta semana em jornal de Vitória anunciando que as eleições da OAB, aqui no estado (dia 18 de novembro), é uma espécie de primeiro ensaio das eleições gerais do ano que vem. Estou intuindo que os meios de acesso à publicidade são tão amplos que, afinal, não se faz diferença entre uma ou outra, a não ser em razão da legislação eleitoral. Os candidatos, embora advogados, se comportam como um simples eleitor, envolvendo a família, amigos. Sou do tempo em que a OAB, no estado autoritário, era uma espécie de salvação de nossas vidas e do nosso futuro. Principalmente porque, nas faculdades, lidávamos com a violência mais repugnante posta em prática pela ditadura: a oficialização da delação. Foi tratada, que me perdoem os “ãos”, como uma coisa santificada.  O dedo duro era guindado ao mérito, com direito a recompensa. Conversava com amigos outro dia e chamei a atenção para um fato: Judas, símbolo universal da traição, é ainda uma figura inesquecível e ao mesmo tempo a mais repugnante.    Judas, esse que a tradição nos ensina a malhar todos os anos. Foi o dedo duro que delatou seu Mestre e Redentor. Judas é bem o padroeiro de todos os dedos duros que estão funcionando por aí, principalmente através de Fake News. Então, para encerrar esse capítulo da crônica, daí deriva a importância da eleição da OAB. Um ato eminentemente político em busca da manutenção da democracia. Foi – e é – a OAB uma bela aliada da democracia.    Uma boa notícia. O livro do historiador Boris Fausto. Diz ele que os setores da extrema direita, especialmente nas polícias militares, farão o que puderem para desestabilizar o processo democrático. Mas o risco está declinando, por conta da reação das instituições e da opinião pública. Historicamente, não estamos em 1964, temos uma boa chance de levar adiante o processo de aprimoramento da sociedade brasileira. “E, depois do susto que tive com o AVC, em um momento em que não estava fragilizado, mas trabalhando, em plena função, desejo muito viver para votar, aos 91 anos, contra o atraso. E de assim vislumbrar a possibilidade de um país melhor”.     Acentua que “a superação do que vivemos hoje será difícil, meu tempo de vida se esgota, mas não me tornei um pessimista casmurro, não desejo fechar possibilidades aos que chegam. Meus 90 anos são também um testemunho de que a sociedade brasileira melhorou. As mulheres, os negros, as pessoas LGBT, hoje também são protagonistas da nossa História. E o respeito a estes brasileiros é uma conquista civilizatória imensa. Fui marcado pelo preconceito, mas também pela tentativa de me livrar dele.

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