Crônicas
O vai e vem da política
2022-10-10 17:43:06

Queira ou não, a democracia se fez presente, se impôs e a eleição correu dentro da normalidade até agora. A onda bolsonarista, em tese, aparentemente – tenho minhas dúvidas –, veio para ficar. (Mais na frente falo sobre isso). Mas é uma onda que não afetou a realização das eleições pelos meios mais modernos do mundo, com votação e apuração eletrônicas. A ciência prevaleceu sobre o autoritarismo, os movimentos extremistas e o negacionismo. A vitória de Lula, na primeira fase, trouxe uma certa tristeza em alguns setores do bolsonarismo. Mas tristeza passageira para quem esperava que ele nunca perdesse eleição alguma. O bolsonarismo me faz lembrar o que aconteceu com Collor – uma febre, quase uma epidemia. Quem não votasse em Collor seria excluído da sociedade.
Conto. Fui ao lançamento do livro de Armando Nogueira, “Bola de Cristal”, lá no Rio, mais exatamente no Paço Imperial. Ele era diretor de jornalismo da Rede Globo. O recinto estava cheio. De repente, um açodamento, como se fora fãs correndo atrás de seu (sua) ídolo preferido. No centro do andar térreo, de uma escada, surge Fernando Collor – que era candidato à presidência da República. O lançamento do livro do Armando ficou ofuscado com a presença do candidato. Assim como Bolsonaro faz hoje. De sorte que, o fato em si, não era para deixar tantas pessoas perplexas. Essas ondas vêm e vão. A não ser que carreguem dentro de si ranço de fascismo.
Guardadas todas as proporções, Ferraço, que era ídolo em Cachoeiro, com a construção da Beira-Rio, retirada dos trilhos da cidade, construção do teatro, perdeu a eleição para prefeito, em 2008, para um quase desconhecido militante do PT, Carlos Casteglione. Veio na onda do petismo de Lula-presidente. Quero tentar explicar que toda e qualquer argumentação ideológica para o momento político poderia sofrer reparos daqui a pouco. Não há dialética perfeita para situações aparentemente subjetivas e que não se fixam eternamente no tempo. Podem passar muito rápido. Cachoeiro que já foi da Arena, do MDB, do PT, hoje é direita de Bolsonaro. Até quando? Vamos aguardar o resultado do segundo turno para que a análise possa ficar mais, digamos, encorpada, maciça e compatível com a realidade dos fatos. Quem suporia que o médico Bruno Resende, recém lançado na política, teria mais votos que Ferraço?

Link da Matéria:
Leia mais Crônicas
Precisa de ajuda? Entre em contato com nossa equipe de advogados
V1.0 - 0730 - © WILSON MÁRCIO DEPES ADV. - Agência PenseDMA 2022. Todos os direitos reservados.