Crônicas
Guerra de bastidor
2023-07-17 11:51:03

Embora seja efetivamente a maior liderança de extrema direita no país, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, na última sexta-feira, de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por oito anos, num primeiro momento aparentou que ele se tornaria vítima e, assim, trunfo na campanha eleitoral dos prefeitos. Agora, a condenação vem causando grande apreensão. A bem da verdade, aliados bem próximos não escondem a decepção com o silêncio de figuras públicas formadores de opinião e que eram seus aliados. Pode-se se citar o senador Sérgio Moro e o governador do Rio, Cláudio Castro.

Argumentam alguns que se houvesse manifestação agora, teriam, necessariamente, que se despontar nos outros processos que estão em andamento e imaginam que o resultado poderá ser o mesmo. Assim, atrairiam desgastes.  É um raciocínio difícil. No meu entender, quase tudo dependerá do resultado do governo de Lula. O nome de Bolsonaro ficará num pêndulo, embora não se pode negar que ele é dotado de prestígio eleitoral, ainda.

Vamos tomar como exemplo a cidade de Cachoeiro, onde Bolsonaro prometeu que participaria da campanha, sobretudo porque tem mais de 200 mil habitantes. O vereador Juninho Corrêa, do PL, gostaria de ter Bolsonaro em seu palanque se lhe forem aplicadas mais condenações? No mínimo, ficará quieto aguardando a evolução do quadro e pautará seu discurso contra a administração de Victor Coelho.

Afinal, o leitor terá que pensar comigo, foi infeliz a frase de Bolsonaro ao dizer que "estou na UTI, mas não morri ainda". Haverá alguém que arriscará em pedir apoio a quem está na UTI?  É elementar que a direita está preparando um discurso novo, menos radical, porque, democraticamente, a direita sempre viveu no Brasil. Sobretudo quando Lula diz que a "democracia é relativa", referindo-se à Venezuela.  Infeliz porque sabe que a ditadura foi um momento muito triste na história do Brasil. Esse discurso é discurso de extra direita bolsonarista e não de democrata.

Uma coisa senti falta na Festa de Cachoeiro. Em outros tempos, a dois anos da eleições, já saberíamos, antecipadamente, quem seria o candidato a prefeito nas próximas eleições. Victor se manteve quieto. Não deu sequer uma pista para os jornalistas. Uma jornalista de Vitória me indagou os candidatos seriam da base do governador Renato Casagrande na Assembleia.  A notícia que corre na capital é que os candidatos seriam os deputados Bruno Rezende ou Alan Ferreira ou ainda - diz ela - um secretário municipal, que ela não sabe quem é.  Não soube responder.

Mas o raciocínio não é tolo. Pelo contrário. O candidato, por óbvio, deve ser uma escolha do prefeito Victor em conjunto com o governador Renato. Se os dois deputados pertencem à base de apoio ao governo estadual, claro que estão no jogo. No mínimo no banco pronto para entrar em campo. O que a jornalista estranhou é o deputado Wellington Callegari desferiu severas críticas contra a administração de Victor Coelho e não houve qualquer revide dos deputados Bruno e Alan.  Motivos tinham ela para estranhar. 

É preciso aguardar. Isso porque, como dizia o velho político, é preciso lutar, mas é fundamental saber também o que o inimigo pensa e faz. Caso contrário, não se ganha a guerra. E o momento é exatamente compatível com a velha sabedoria. Porque a briga está sendo travada nos bastidores.

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