Crônicas
O que pretende Casteglione?
2024-03-08 09:31:04

A pesquisa Quaest aponta uma queda na popularidade do presidente Lula.   Não propriamente por causa dos resultados de seu governo. Mas, sobretudo, por suas declarações sobre Israel.  Os evangélicos estão contrariados e pularam fora.  Isso acontece exatamente quando se anuncia a pré-candidatura do petista Carlos Casteglione, que apareceu só agora para o público em geral e no mercado político. Por isso merece reflexões por uma série de fatores relevantes. Não é um marinheiro de primeira viagem, como dizia minha avó.  Foi prefeito duas vezes de Cachoeiro e hoje Subsecretário de Estado do Trabalho, Emprego e Geração de Renda do governador Renato Casagrande.

Experiência não lhe falta, é bom que se diga.       O curioso - é preciso que se ressalte - é que essa candidatura poderia estar sendo gestada dentro do próprio PT, mas, por óbvio, só veio à luz agora, depois que o vereador Juninho saiu do cenário.  O que teria pensado Casteglione?  Se Juninho permanecesse no páreo iria polarizar com a candidata Lorena, do prefeito, "provocando um estreitamento de espaço de manobra pra mim".

Claro que o raciocínio é lógico e de quem conhece os meandros políticos. Agora, os espaços se abriram. Ele vai se confrontar, por óbvio, com Lorena Vasques, candidata do prefeito Victor, buscando neutralizar a participação do governador Casagrande no pleito, por uma série de motivos, principalmente a sua ligação com o presidente Lula. Que, até a eleição, já se refez. 

A par disso, a candidatura de Casteglione, por óbvio, lança sombras nos deputados Bruno Rezende e Alan Ferreira, que também ambicionam a Prefeitura. Temos aí a seguinte conformação: um secretário do governador Renato e amigo de Lula e dois deputados de sua base. Ninguém vai brigar entre si, sob pena de trazer prejuízo para o próprio governador. E eles não querem isso porque pretendem e precisam do apoio dele.

Não diria que sim, hoje, mas Casteglione vai trabalhar para ser o candidato que disputará a eleição com Lorena, candidata do prefeito. A sua pré-candidatura caiu na cabeça dos dois deputados. Os empresários, que estão tontos atrás de um candidato a prefeito que tenha chances de vencer o pleito, talvez não queiram bater de frente com o candidato do Presidente da República. Por motivos pragmáticos.

Não tem candidato a prefeito que represente autenticamente o bolsonarismo e que possua expressão junto ao eleitorado. Não estou defendendo aqui o potencial eleitoral de cada um. Eu diria que Casteglione vai ter que trabalhar muito para que possa representar, no município, uma fusão do governador Renato com o presidente Lula. Vai apresentar projetos e abrir caminhos para que o eleitorado entenda que poderá levantar recursos para concretizá-los.

Querem ver só como isso está acontecendo? O empresariado está tonto atrás de Ferraço para encontrar um candidato que eles possam apoiar e conseguir vencer o pleito. Esperto, Ferraço ainda não tem esse candidato. Precisa manter seu prestígio e sua fama, atendendo seus aliados, mas não pode se precipitar com um nome sem chances.

Por outro lado, o prefeito Victor já possui candidata, se encontra no poder e praticamente, eu diria, que está em campanha. Quem mais, a não ser Casteglione, possui perspectivas de caminhos abertos? Diria o leitor: Casteglione saiu desgastado do poder, inclusive com contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas.  Mas reside aí, exatamente, a demora em se lançar como pré-candidato. Esperou o trânsito se acalmar, buscou uma estrada sem engarrafamento e está procurando se viabilizar eleitoralmente.

Ele pensa - sem dúvida -  que o embate com Lorena ficaria mais fácil relativamente à construção de obras, pois já foi prefeito, por duas vezes, e, portanto, possui, no mínimo, experiência.  Mas, a grande verdade é que vai precisar do governador Renato para se aproximar dos deputados Bruno e Alan.

Dessa negociação, que é tarefa quase impossível, poderá nascer suas chances. Ou, é preciso que se diga, entregar o pleito nas mãos do prefeito Victor, já estruturado e vestido com as roupas da campanha.  Mas, o que é verdade, é que nada é impossível na política.

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