Crônicas
A face cruel do hábito...
2022-08-21 23:14:32

Por Wilson Márcio Depes

   Albert Camus dizia, com toda razão, que o ser humano é um ser de hábitos. Difícil vocêse livrar dos hábitos diários. Vou estender mais o raciocínio para citar um pequeno exemplo. Fizemos um barulho danado, aproveitando a ocasião dos acidentes na BR 101 e a irresponsabilidade da Eco-10, literalmente descumprindo as cláusulas do contrato de concessão. Pois bem. Outros fatos sobrepuseram os acidentes e a Eco continua cobrando o pedágio e a estrada permanece do mesmo jeito: não houve a duplicação, salvo engano, de um quilômetro sequer. Enquanto o presidente Temer está distribuindo verbas, em valor estratosféricos, para salvar o seu mandato, estamos nós aqui pagando pedágio e colocando nossas vidas em risco nessas estradas precárias. Só lembrando Camões: “Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor maior alto se alevanta!”. Afinal, o que foi exigido da Eco? As estatísticas revelando mortes em acidente provocadas pela péssima manutenção da estrada e a falta de duplicação são apenas letras frias dos jornais e notícias escandalosas da mídia sem qualquer providência do poderes maiores? A morte não pode esperar a burocracia e os arranjos administrativos. Nem a dor das famílias. Nós elegemos homens públicos, através do voto, para cuidar dessas situações para todos nós – aqui cabe esse raciocínio bizarro – já que temos nossos próprios afazeres diários para, afinal, pagar, dentre outras despesas, a do pedágio. É inconcebível que, diária e placidamente, paguemos esse escorchante pedágio para enriquecer empresas – sempre as mesmas – para receber, afinal, desculpas esfarrapadas sobre a impossibilidade de duplicação das estradas. Afinal, se somos seres de hábitos, vamos acabar nos acostumando com os acidentes e as estradas de péssima qualidade. Mas, como dizia um velho professor, pouco importa que princípios morais sejam a cada passo hipocritamente invocados para justificar manobras do egoísmo, da ânsia de dominação, do medo de perder privilégios ou de sofrer abalo em posição de mando. O fato de existir moeda falsa não demonstra que inexista moeda verdadeira. Aliás, como diz a linguagem da internet, é o que temos para o momento...

“O fato de existir moeda falsa não demonstra que inexista moeda verdadeira.”

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