Por Wilson Márcio Depes

Fiquei à procura de um assunto ou de um tema que pudesse trazer interesse ao prezado leitor. Mas vejo o leitor cansado dos temas que este nosso país o oferece. São crimes bárbaros contra as mulheres, contra menores, estupros, enfim, estamos vivendo numa sociedade “doente”. Seria doente mesmo? Trago reflexões do psicanalista e psiquiatra Contardo Callegaris, as quais considero muito interessante neste dia sem muitas perspectivas. Diz ele: “Aconteceu no mesmo dia. Primeiro, houve uma mãe falando da homossexualidade do filho, que ela, em tese, acabava de descobrir: ‘É uma doença, não é?’, perguntou. Ela queria encontrar, na minha confirmação, uma razão de perdoar o filho por ele ser como é.Mais tarde, alguém, falando de um parente próximo que é toxicômano, afirmou mais do que perguntou: ‘Ele é doente’ -no tom de quem procura uma confirmação que permita perdoar o inelutável.Nos dois casos, respondi com cautela, mais ou menos desta forma: ‘Certo, deve haver razões para ele ser assim, mas ele não é doente como alguém que pega um vírus ou uma bactéria, nem como alguém que seja invadido por um câncer’”. Afinal, a observação, induvidosamente, convidou os interlocutores a questionar o que eles entendiam por "doente".Para essa função, a modernidade escolheu a medicina (do corpo e das almas). Com isso, o controle sobre nossas vidas seria aparentemente mais suave, mais "liberal". Mas é só uma aparência. Uma conclusão é exigida por todos nós. Pense bem. Certo, se toda exceção ou anormalidade for doença ou malformação, os diferentes não serão propriamente punidos. No entanto, a sociedade esperará que eles sejam "curados".Outro "problema": se os desvios da norma forem tolerados por serem efeitos de doença ou malformação, o que aconteceria com quem pratica desvios, mas não apresenta as "malformações" que o desculpariam? São perguntas que a nova sociedade terá de responder, em curtíssimo espaço de tempo.