Wilson Márcio Depes
Claro que todos nós somos orgulhosos, no melhor sentido da palavra – e aqui completamente sem bairrismo, se é que isso é possível ... – com a Bienal Rubem Braga. Tenho certeza que o velho Braga, onde estiver, estará muito feliz com essa movimentação cultural que faz, como queria o seu irmão Newton, com que os cachoeirenses se encontrem e se abracem, numa fraternidade de causar inveja. Aliás, este é o sentido da Festa de Cachoeiro. Abro um rápido parêntesis para refletir. Genial como era, Newton, com a festa, já definia o conceito moderno de urbanismo: o encontro. Ora, vivemos em cidades, é nelas que passamos nosso dia a dia, que construímos nossas vidas e nossas relações. A cidade toma um outro aspecto com esses eventos. E, claro, o prefeito investe tudo neste evento para capitalizar boa imagem. Creio eu que, além do teatro, que ele foi o maior incentivador já em 1983, com conversas diárias e providências práticas, a Bienal é uma bela homenagem que povo de sua terra lhe presta. Não seria exagero se Cachoeiro abrigasse duas bienais por ano: a Rubem e uma outra como o nome de Newton Braga. Veja como as coisas acontecem. Uma jovem que pretende fazer estágio no meu escritório, veio portando seu currículo numa das mãos e, na outra, uma dezena de livros. Perguntei: onde você comprou esses livros? Ela foi rápida. “Ah, comprei e já estou lendo. Comprei na Bienal Rubem Braga. Custou R$ 10,00 cada.”. Fiquei muito feliz e achando a Bienal a coisa mais importante de Cachoeiro. Viva Rubem. Viva Newton. Viva todos nós. Mas fiquei com medo de que o velho Braga, com seu eterno mau humor, poderia estar dizendo lá de cima, “Vocês não estão de saco cheio de mim, não? Pra que duas bienais? Estou cansado de saber que sou eu mesmo”.