Wilson Márcio Depes
Os temas aqui abordados têm sido, no mínimo, áridos. Mesmo que se trate de crônicas despretensiosas, sem qualquer necessidade de voos literários ou brilharecos, a vida tem imposto a todos nós uma certa dose de dureza nos sentimentos. Logo eu que sempre repeti Voltaire, em seu dicionário filosófico, que a amizade é um contrato tácito entre pessoas sensíveis e virtuosas. Aliás, que se faça justiça, aprendi isso com o advogado Galdino Theodoro da Silva, lá por volta da década de 70, quando ainda estudante de Direito. Dito isso, passemos ao assunto de hoje. Nós, pobres capixabas, que achamos nosso estado viável em razão de sua riqueza turística, somos obrigados a enfrentar a seguinte manchete na imprensa: “A BR-101, em Guarapari, é considerada a mais perigosa entre os trechos das rodovias federais, segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT).” Quer dizer, só depois que acontecem os acidentes, quase todos eles com vítimas, é que a empresas que detém o monopólio na cobrança do pedágio se mexem um pouco. Quebram ou galho daqui, outro dali. Mas você vê que são estradas sem qualidade. Somos realmente um povo sofrido. Mas não é só. Outra manchete. “O Brasil supera a marca de 62 mil homicídios por ano.” A taxa de 30,3 mortos por 100 mil habitantes é 30 vezes maior que a da Europa. Tá bem, não estou com meu humor nos melhores dias. Vamos lá: a única pessoa a não fazer feio, nesses últimos dias, foi Neymar. Segundo o técnico Tite, “esteve acima das expectativas”. Mas, quando jovem, ouvia o “Pra frente Brasil”, do Miguel Gustavo, e eu - e o país, diga-se – viajava na fantasia. Enquanto isso vivíamos em plena ditadura militar e jovens eram torturados e mortos, ao som do hino e dos gols. Pra encerrar: é sempre bom lembrar e nunca esquecer.