Wilson Márcio Depes
A Câmara Municipal mantém tradição de muitos anos ao marcar sua sessão solene da Festa de Cachoeiro para homenagear as pessoas que, segundo seus vereadores, merecem o reconhecimento da população. E ninguém melhor que os vereadores para constatar e confirmar esses méritos. O Prefeito, por sua vez, aproveita a sessão para também escolher os seus homenageados, seja com comendas, com título beneméritos, de cidadania, enfim, tudo como Newton Braga sonhou. São sessões longas, com discursos, palavras de carinho, expressões de afeto, abraços e reencontros afetivos. Não venham com hipocrisia: todo mundo quer ser homenageado. Convivendo com Vinicius de Moraes, Newton cunhou a velha frase: “a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. A Festa de Cachoeiro é rigorosamente isso: o encontro. Fui homenageado com a comenda Prof. Deusdedit Baptista. Aliás, o cidadão em tempo integral. Quando recebia a homenagem, num lampejo, me lembrei da descrição de Sérgio Bermudes, que poderia ser minha, sua, caro leitor, ou de qualquer um que teve o privilégio de conviver com ele, mesmo que de longe. “Lá vem ele, descendo a Rua Dona Joana, ou cruzando a 25 de Março, depois da mudança para casa nova, de frente para o rio Itapemirim”. Aliás, sempre à pé. Quando recebo a comenda, em meio ao vozerio, me desloco, mentalmente, e o vejo, à minha frente, empunhando as lições que ajudaram a formar a minha vida dentro de um preceito ético inarredável. Napoleão escreveu uma carta da Polônia a Josefina: “Tenho um amo sem entranhas – é a natureza das coisas”. A natureza das coisas neste momento – e vejo isso com uma nitidez impressionante – é que Cachoeiro, inevitavelmente, se confunde com o prof. Deusdedit e prof. Deusdedit se confunde com Cachoeiro. Muito embora, em minhas crises existenciais, o professor possa ser maior. Às vezes, muito maior...