Wilson Márcio Depes
Claro que estou escrevendo antes do jogo do Brasil contra os belgas. Muita coisa vem acontecendo durante a Copa do Mundo que, a bem da verdade, só vai repercutir depois, quando a anestesia de nossa torcida passar. Querem ver? As medidas que alteraram os planos de saúde; a construção da Ferrovia de Integração do Centro Oeste, o que será um desastre para a combalida economia capixaba. Falta de prestígio de nosso estado, coitado! Mas o governador Hartung promete que vai brigar na justiça. Um amigo meu, de velhas datas, dizia que quando o dia começava mal, ele ia para casa dormir, pois as coisas ruins vão puxando umas às outras, numa sincronia imperturbável. Em casa mesmo ele corria o risco de um avião cair sua cabeça. Sei não, mas o amigo tem lá suas razões, claro se tem. Bem, mas alguma coisa boa? Sim. A homenagem a Raul Sampaio, inclusive com lançamento de selo comemorativo, é uma coisa muita justa e prazerosa. Aliás, quero confessar, Raul sempre honrou e projetou Cachoeiro, como diria o latinista prof. Manoel Maciel, além-fronteiras. Sinto, dentro de mim, como se tivesse cometido uma injustiça com Raul. Nunca o prestigiei como devia. E conto. Certa feita ele fez uma crítica a um livro meu, ao revelar que o seu Pedro Reis, um dos meus personagens tão querido, não era um figura folclórica. Eu o homenageei com tanto carinho, chamando símbolo histórico para cristão e não-cristãos, que achei a crítica injusta. E ainda ponderei: - Raul, não seja impiedoso, pois no livro homenageio até a minha mãe! Ficamos estremecidos durante algum tempo. Mas nunca deixei de admirá-lo. Afinal, como poderia ficar aborrecido com o compositor do hino de minha cidade? Deixando de lado a falta de assunto, Raul merece a reverência e o carinho e de todos cachoeirenses, de nosso Cachoeiro eterno, como nosso hino.
Crônica publicada em 07/07/2018 - Revista Leia edição nº 453