Como nas Velhas cantigas...
2022-08-22 09:31:45
Wilson Márcio Depes
Ando amargando uma culpa em relação não só a esta Revista, assim como ao Jackson Júnior: não fui à festa de domingo, à feijoada que ele tanto preza e cuida com enorme carinho. E também se transformou num grande sucesso. Explico. Estive viajando, profissionalmente, e não deu tempo de retornar. Agenda de advogado, principalmente em ano eleitoral, fica meio esquizofrênica. Devo minhas desculpas, pois sou o decano nesta querida Leia. Sou cronista desde a sua primeira edição. Era responsável, também, por uma coluna política. Claro está, portanto, que venho acompanhando o sucesso do Júnior e de toda sua equipe. Não me perdôo pela ausência, mas sou desculpado pelo nosso chefe. Estou mudando de assunto. Encontrei um velho amigo que me propôs escrever sobre uma parte da história política de Cachoeiro. Quem sabe depois que me aposentar? Mas não é bem essa a essência do encontro. Me contou, em segredo, que o pai dele conseguiu casar com a mãe, que morava fora do estado, depois de algumas cartas. A história se resume no seguinte. O pai era um homem elegante, bonito e se vestia muito bem, mas semianalfabeto. Foi dar um passeio em Minas e conheceu uma bela jovem, por quem se apaixonou. Começaram a se corresponder por cartas. Mas a dificuldade dele era exatamente esta: em matemática era ruim, mas em português “eu agaranto”. Mas o cara era tão esperto, mas tão esperto, que conseguiu ficar muito amigo de Newton Braga. Até que, depois de uma história dramática, de uma cachacinha, convenceu o poeta a responder as cartas da linda moça de Minas. Resultado: a paixão foi fulminante. Logo, logo se casou com a moça e teve quatro filhos. Esse meu amigo, afinal, foi resultado da inspiração do nosso grande poeta e criador do Dia de Cachoeiro. Ou: “Quis ser sincero uma vez. Tomei-lhe a mão entre as minhas, como nas velhas baladas/ pousei meus olhos nos seus,/ como nas velhas cantigas/ e lhe falei, docemente, verdades desconsoladas: - Tu não me és indispensável mas me fazes bem”. E foi assim.
Crônica revista Leia - Publicada em 08/09/2018.