Wilson Márcio Depes
Li uma entrevista de Zuenir Ventura, concedida ao jornal A Gazeta, de domingo passado, na qual ele se posiciona de forma madura sobre os tempos de ditadura e o tempo presente. Antes, porém, quero explicar que Zuenir, que já atuou nos jornais mais importantes do país, aos 87 anos continua escrevendo duas vezes por semana em O Globo. E já está programando um novo livro. É o autor, dentre muitos livros, de um que é de minha preferência, exceto “1968, o Ano que não terminou.”. Ele escreveu sobre a inveja, o pior dos pecados. É o pior porque, segundo ele, não existe inveja boa. Além disso, preciso dizer, Zuenir sempre foi um bom amigo, conselheiro e guru. Nos momentos mais difíceis da vida, ele estava lá: sereno, equilibrado e sensato. Foi preso na ditadura, sem ser filiado a qualquer partido político. Mas voltando ao livro sobre inveja. A inveja é inconfessável, mas ninguém se livra dela, por mais que se disfarce. É o pecado mais antigo da humanidade. Parte do livro teve que ser ficção, porque quase ninguém quis assumir que era invejoso. Segundo Zuenir, a emergente Vera Loyola deu as melhores declarações para o livro: "O verdadeiro amigo não é aquele que é solidário com sua desgraça, mas aquele que suporta o seu sucesso. É exatamente isso”. Quis saber do velho conselheiro como iremos viver os tempos futuros, aqui no Brasil. Ele foi em cima: primeiro é pacificar o país; o segundo é diminuir essa diferença social muito grande. O principal desafio é acabar com esse clima de que se você pensar diferente de mim, você não presta. Democracia é convivência dos opostos. O outro tem que ter o direito de ser diferente. Temos que olhar pra frente. E a responsabilidade de fazer isso é do governo. Eu, pelo menos, já me dou por satisfeito esta semana.