Meu Deus!, é desgosto demais... !!!!
2022-08-22 15:47:56
Wilson Márcio Depes
O mestre Zuenir Ventura me membra que em matéria de desgostos, o ano não precisou esperar por este oitavo mês, já teve antes até demais. A superstição do mês de agosto é uma superstição que foi trazida pelos portugueses. Como lá era o momento em que as caravelas iam ao mar, as namoradas dos navegadores, além de passarem sozinhas a lua de mel, corriam o risco de ficarem viúvas. Por isso, diziam: “Casar em agosto traz desgosto”. Em outros países, a crença não se restringiu aos casamentos e se baseia em coincidências históricas, como, por exemplo, a destruição por bombas atômicas das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, com a morte de 200 mil pessoas. Houve outros infaustos acontecimentos internacionais, entre os quais a construção do Muro da Vergonha, em Berlim. Acho interessante voltar atrás. Continuo com as lições do mestre. No Brasil, é considerável a lista de efemérides nesse período azarento, principalmente para os políticos: suicídio de Getúlio Vargas em 1954, renúncia de Jânio em 61, morte de Juscelino Kubitscheck num acidente de carro em 76, derrame de Costa e Silva em 69, desastre de avião que matou Eduardo Campos em 2014. Mas a lembrança que pode atrapalhar o sono de pelo menos uma pessoa em Brasília ocorreu em 31 de agosto de 2016, quando o Senado aprovou o impeachment de Dilma Rousseff. Bem, vou esquecer outros acontecimentos, até porque a memória, traída pelo inconsciente, não possui qualquer rigor cronológico. Em nosso país as tragédias não esperam mais pelo mês de agosto. Começam no início do ano e, por mais que se reze, parece que não dá tréguas. Uma atrás da outra. O que se vê claramente, por trás de quase todas aflora a cultura do jeitinho, da corrupção, da irresponsabilidade e a impunidade. Começa cá embaixo com carros estacionados em cima da calçada, motos agredindo carros e pedestres, ambulatório de ortopedia dos hospitais superlotados de acidentados, enfim, um país que parece estar mostrando a sua cara. Tudo muito triste. Mas, como disse um amigo, tudo passa e amanhã fico “eu sozinho com minha tragédia”. Misericórdia!
Crônica Revista Leia - Publicada em 16/02/2019