Todos os dias recebo, de uma alma santa, uma mensagem do evangelho, através do WathsApp. Começo meu dia com a alma leve. Não ando dando muita importância as entrevistas do presidente da República, ou se escuto, não estou despontando muita acuidade. O que diz num dia, no outro, depois de muita polêmica, vai ter que desdizer. Um prazer estranho. Vou deixar por conta de quem entende esse tipo de patologia. Em São Paulo, fui visitar um amigo no hospital. De repente, parei no salão de música, próximo ao restaurante, e dei de cara com uma senhora, de seus oitenta anos, cabelos branquinhos, tocando um piano primoroso. Fiquei ouvindo por um bom tempo, músicas clássicas, MPB. Quando ela levantou, perguntei se vinha sempre ali, e qual o cachê que cobrava. Ela, calmamente, me disse: “Venho sempre, não cobro qualquer cachê e pretendo que minha música, o dom que Deus me deu, possa trazer algum conforto aos doentes, aos que estão sofrendo.”. Aí me lembrei que, no meio de algumas reclamações, Ziraldo que garantiu, com seu otimismo permanente, que o mundo é feito de um número muito maior de gente boa, do de gente má. Creio que tem razão. Lembrei-me agora de um velho professor que inventou um jeito de resumir muitos daqueles livros sem os quais o mundo fica mais triste e pobre. Resumo: A Divina Comédia, Dom Quixote, Crime e Castigo, oby Dick, Édipo o Rei e Fedra, de Racine. O Jovem Torless e o Coração das Trevas. Para cada livro, ele contava a história, mostrava com ela nos tocava de perto e trazia um parágrafo ou dois de um momento crucial, para a gente ler e comentar. À vezes mudava as palavras ou endireitava a sintaxe, simplificava o texto. Foi ele que me ensinou, para o resto da vida, a leitura silenciosa. Hoje lembrei dele, por tudo isso. Como os professores continuam morando dentro de nossa alma.