Luta pela democracia e outras
2022-08-22 16:04:57
Wilson Márcio Depes
O país vive momentos de muita tensão. Quem já viveu, há tempos atrás, tal situação sabe muito bem do que estou falando. Quem não viveu, desconfia. Não é à toa que o Ministros do Supremo repeliram a proibição da venda do livro “Os Vingadores”, na Feira do Livro do Rio de Janeiro de forma tão veemente. Não só combateram a censura, mas anteviram uma situação de insegurança institucional. Dito e feito. Um dos filhos do presidente Bolsonaro, com o pai hospitalizado, lançou esta semana a seguinte pérola perigosíssima: “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”. Aliás, o pai-presidente já houvera anunciado antes: “Através do voto você não muda nada no país. Tem que matar uns 30 mil”. O ministro Celso de Mello, que foi guindado ao posto de Ministro do STF durante o regime militar, enxergou longe e fez um punhado de pontos de exclamação em nota pública: “trevas que dominam o poder do Estado”, “repressão ao pensamento”, “mentes retrógadas e cultoras do obscurantismo”. Referindo-se, por óbvio, ao prefeito do Rio, Marcelo Crivela. Mas, como possui a visão do futuro, antecipou à frase do vereador filho do Presidente, que transborda a qualquer tipo de ideal democrático. O curioso é que o Ministro, como se diz, é oceânico em seus votos, mas na nota publicada foi inciso e bem objetivo. Com 173 palavras falou do “tempo novo e sombrio”. O Ministro Celso se aposenta no ano que vem, quando completa 75 anos, mas está zelando por sua história de democrata, desde já. Antes mesmo da eleição de Bolsonaro ele queria se aposentar para não ser substituído por um outro Ministro nomeado pelo Presidente. Agora, está esquentando a cadeira para o Ministro Moro. Não sei se arrependeu. Só ele poderá falar. Nas próximas semanas vamos enfrentar mais outras frentes relativas à reforma tributária. Todos temos que estar muito atentos, inclusive como nossos representantes no Congresso.