Andei paquerando a lista dos livros mais vendidos este ano. Não naquelas listas comerciais onde se junta tudo, até mesmo os de autoajuda. Preferi selecionar. Principalmente pela falta de tempo. Confesso que fiquei orgulhoso em saber que o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, indicara um livro que li e que muito me emocionou. “Fascismo: Um Alerta”, de Madeleine Albright. De que trata o livro? Preciso esclarecer. O século XX foi definido pelo embate entre democracia e fascismo, uma luta que criou incerteza sobre a sobrevivência da liberdade e deixou milhões de inocentes mortos. Tendo em vista o horror desta experiência, podia-se imaginar que o mundo rejeitaria qualquer possível sucessor de Hitler e Mussolini.
Pois bem. Em “Fascismo: um alerta”, Madeleine Albright questiona isso. Fascismo, explica Albright, não apenas perseverou, como hoje é a maior ameaça à paz internacional desde a Segunda Guerra Mundial. Em muitos países, aspectos culturais, econômicos e tecnológicos estão enfraquecendo o centro político e fortalecendo extremistas de direita e de esquerda. Trata-se de um alerta e um livro que é também relevante para todos os tempos. Ensina as lições que precisamos aprender e as questões que devemos responder se queremos evitar que o mundo cometa os mesmos trágicos erros do passado.
Creio que me empolguei com este comentário. Ficou parecido com orelha de livro. Mas não é. O Ministro Barroso, por exemplo, que vem sendo uma figura da maior importância no combate ao surtos autoritários do governo federal, acena que o livro reconstitui a ascensão dos regimes populistas, extremistas e autoritários no mundo. “Vivemos um momento preocupante para a democracia. Alguma coisa aconteceu que permitiu a liberação de diversos demônios que ficavam nas sombras. Ultimamente, saíram à luz do dia os misóginos, os homofóbicos, os racistas, os antiambientalistas, os antidemocráticos. O mundo e o Brasil andam precisando de um choque de humanismo, civilidade e iluminismo”.
Deixei na fila outros. Por exemplo, “Amoroso – uma biografia de João Gilberto”, de autoria de Zuza Homem de Mello, editora Cia. Das Letras. Aliás, um livro para se ler e se ouvir. Outro: “Cartas para Minha Avó”, de Djamila Moreira, também da mesma editora. Fico por aqui. Acho que a última crônica deste ano será na próxima edição. Até lá.