Crônicas
Quem cuida da pandemia é médico
2022-08-22 17:45:15

Os eleitores bolsonaristas, que não gostam de dividir opiniões, andam zangados comigo. Na linguagem tosca deles, enfatizam que sou muito PT. Ou seja: acreditam que existem dois mundos: um petista e o outro. Nada mais. Dias desses, fui entrevistado no programa “Entre Elas”, dirigido por Marilene e Regina, e um amigo falou que adorou a entrevista, sobre o tema fake news, mas “você foi muito petista”. Durma com um barulho desses. Aliás, tem razão o mestre Elio Gaspari quando diz que a coisa mais perigosa do mundo é arriscar previsões sobre o comportamento de Jair Bolsonaro. Eu só acrescentaria – se me permite o mestre – que não existe coisa mais previsível que o comportamento do eleitor de Bolsonaro. Ele está sempre a favor do capitão. Não existe espaço para discordâncias ou para autocrítica.
Tenho que fazer uma ressalva muito eloquente. Repito. A nota do almirante da reserva Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, nomeado pelo presidente, levou o capitão a baixar a bola também no ridículo conflito em torno da vacina das crianças. Se disso resultar – Deus ouça meu pedido!!! – uma moratória de Bolsonaro diante da pandemia, o ano de 2022 terá começado melhor. Aliás, diga-se, o mestre Elio foi impecável: desde que o coronavírus entrou na agenda mundial, o capitão errou todas. A “gripezinha” matou mais de 620 mil pessoas, e a cloroquina serviu para nada. A boa notícia veio do funcionamento do programa de imunização, área em que o Brasil tinha um desempenho histórico louvável. A ele, somou-se o comportamento da população, vacinando-se. Nem o declínio na qualidade da gestão do Ministério da Saúde foi suficiente para anestesiar os brasileiros. Se Bolsonaro, enfatiza, parar de exercer ilegalmente a medicina, deixando a pandemia para os médicos, todo mundo ganha.
Aliás, não sou eu quem pensa assim. Dias desses, numa reunião dos empresários, eles estavam indignados com a mídia. Isso porque ela estaria divulgando pesquisas falsas sobre a próxima eleição. Como se, por exemplo, o instituto Datafolha não gozasse de prestígio junto ao empresariado. E fosse considerada uma empresa de alto prestígio, trabalhando o ano todo para eles. Ledo engano. Esquecem que o coronavírus teve um terrível efeito sobre o governo de Bolsonaro. E que o conflito com a Anvisa e com Barra Torres fez parte do acervo de brigas inúteis do governo Bolsonaro. Aliás, enquanto os empresários se revoltavam com as pesquisas, desfilando em suas lanchas, os seus empregados faziam campanha contra o capitão. Daí o resultado as pesquisas.

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