Mais uma Festa de Cachoeiro. Reflito. Certa feita Ziraldo me disse que cada idade você vê o mundo de uma forma. Juro que fiquei pensando nisso. Ao assistir ao “filme” de tudo que passou nesses anos estaria me enveredando para um saudosismo? Não, caro leitor(a). O saudosismo é triste. Alguém me teria dito que o saudosismo está ligado a um gosto ou a uma apreciação exagerada por coisas ou fatos do passado. Mas a saudade, não. Saudade é um sentimento de falta, de um vazio deixado pela história, de difícil preenchimento.

A Festa de Cachoeiro é saudade. Nunca foi saudosismo. Newton Braga já separou isso, deixando bem claro, que se trata de reencontro, um longo e carinhoso abraço em quem foi com quem ficou aqui. Penso. Zozô, por exemplo, que faleceu recentemente, ficará em nossa memória e em nosso coração como o eterno Rei Momo. Assim o tenho, por exemplo, quando abro meu livro de Fotocônicas 2, aquela pança enorme, com cetro e faixa circundado a parte de cima do corpo. Haverá cachoeirense tão extraordinário? Por isso nossa terra não deixa morrer nossa Festa. São saudades espargidas em cada canto da memória. O velho Taveira comandando a Banda do Liceu como se fora um príncipe. Eu diria que as calçadas falam…

O velho Braga tinha uma explicação bem irreverente. Dizia ele que Cachoeiro é uma cidade como as outras. Só que é Cachoeiro, e isso tem demonstrado ser uma impressionante singularidade. “Algo especial existe por aí, por essas ruas, e pontes e curvas do rio. As pessoas que não são de Cachoeiro é que dizem isso, e perguntam o que há. Não há nada. É Cachoeiro. E Cachoeiro é assim.”

Roberto Carlos, numa conversa bem reservada, certa feira, na janela do então Hotel San Karlo, olhando para o rio Itapemirim, me confessou: “Este rio não tem nada, né? Mas lá em casa, todas as noites fico pensando nele. Tenho vontade de comprar uma casa aqui para matar minha saudade de tudo que aqui deixei”.
Mais uma festa que passa e que fica…