Quem pretende entender o que acontecerá no cenário das próximas eleições - digo isso sem arrogância, mas com base na história política brasileira - terá que acompanhar a reforma tributária. É o primeiro sintoma que as situações estão mudando. Ulysses Guimarães dizia que quem cisca para fora é galinha, político tem que conquistar, aglutinar, juntar. É o que o Centrão e a direita estão fazendo. Estão deixando o extremismo bolsonariano para trás, visando a juntar, no rigor da expressão. Vide a votação da reforma tributária, ainda no Senado, abrindo um leque para maiores composições.
Com isso não estou fazendo um estudo ideológico no quadro político. Estou apontando o dedo para uma realidade. Em política, é também precipitada declaração da morte de alguém. Muita gente diz que no fundo do poço tem uma mola. Porém, Bolsonaro parece a caminho do fim de sua carreira política. Um erro atrás do outro.
Outro dia encontro uma querida professora, que votou em Bolsonaro. Reclamou da declaração de seu filho, Flávio, que enfatizou ser o (a) professor (a) que doutrina pior que traficante.
Claro que deputados e senadores estão fugindo do radicalismo. No caso ultraje. Encontro candidatos a prefeito ponderando tal fato, ao elogiar a reforma tributária. Muita gente recolhendo a bandeira do radicalismo.
Bolsonaro poderia, até, ser líder do PL no Congresso, mas o partido já tem dono: Valdemar da Costa Neto. Basta verificar que o ex-presidente orientou o PL a votar contra a reforma tributária. Mas, o que aconteceu? 20 deputados do PL votaram a favor. Alguma coisa isso quer dizer e não pode passar despercebido. Não se pode considerar que são traidores, como quer o ex-presidente, mas se deslocam tentando "ciscar pra dentro".
Claro que os futuros candidatos a prefeito estão percebendo isso. Como dar a volta por cima, quero ver quem sabe, como diz a música popular. Aí nem sou eu quem diz, mas extraio esse raciocínio do eleitorado. Uma sugestão: deixar o radicalismo de lado e correr atrás das obras e das reivindicações dos eleitores. Mas, fazer isso com consistência, com idealismo, sem negociatas. O eleitor merece mais. Os extremistas não desparecerão nunca, mas a troca de ideais e a dignidade não perecerão nunca. O povo exige, hoje mais do que nunca, um político decente.
Sobre o tema, Shakespeare dizia que não há noite infinda que o amanhã não apareça e clareie. Antevejo um quadro novo na política cachoeirense. As mulheres já buscam os partidos. Vejo a secretária de serviços urbanos, Lorena Vasques Silveira, se projetando como uma surpresa nas próximas eleições. Além de eficiente, é mulher. Disso ninguém pode oferecer resistência. A administração municipal ganhou outra dinâmica com sua aquisição. Outro dia acompanhei, nas redes, o deputado Alan Ferreira com o deputado Ferraço e a ex-deputada Norma Ayub visitando o Hospital do Câncer em construção. O que isso quer dizer?
Por outro lado, o deputado Bruno Rezende faz tudo para ser o candidato do governador Renato Casagrande. E tome aparição nas redes. Com isso, sem dúvida, ganha terreno, sem se preocupar com os problemas ideológicos. No entanto, os inimigos tentam criar uma cisão entre o prefeito Victor Coelho com o governador Renato. A campanha, aliás, já começou. Não só aqui, mas em todo o país.