Se o prefeito Victor Coelho não fizer o seu sucessor nas próximas eleições, por certo correrá sérios riscos em sua carreira política num futuro bem próximo. Estão em campo jovens políticos sem ideologia e ambiciosos, capazes de qualquer coisa pelo poder. Aliás, diga-se, ao que tudo indica, o prefeito pretende disputar uma vaga à Câmara Federal. Ficará provavelmente dois anos como secretário do governo Casagrande. Aí, no entanto, sem o comando da Prefeitura, a situação muda de figura. Quem já viveu política sabe como é isso. Nada pior para o homem público do que viver dependendo dos outros ou na planície. Por tudo isso, desenvolvendo um raciocínio simplório, ele precisa colocar um aliado seu na Prefeitura. E tem tudo para fazê-lo, já que vem alcançando muitos êxitos que precisam ser mais bem divulgados.
A disputa pela Prefeitura, ao que parece, vai reviver as contendas do passado: Hélio Carlos, Ferraço, Gilson Carone, Valadão, MDB e Arena. Cachoeiro já foi palco de grandes emoções que chegaram a atrair a atenção de todo o estado. Uma delas foi quando Ferraço lançou Alicio Franco para sucedê-lo, após a inauguração da Beira-Rio. Como a contagem dos votos (em cédulas, como queria Bolsonaro...) demorava pelos menos três dias para alcançar o resultado final, Ferraço já comemorava a vitória no segundo dia de apuração. Hélio Manhães virou nas últimas seções. Foi uma autêntico carnaval cívico em Cachoeiro, que durou a noite adentro.
Rememorando. Os pré-candidatos, até agora, seriam o vereador Juninho Corrêa (PL), os deputados Alan Ferreira (Podemos) e Bruno Rezende (União Brasil), Carlos Casteglione (PT) e Lorena Vasques (possivelmente PSB). O que há de mais polêmico - claro, que no bom sentido - é a candidatura de Lorena Vasques, atual secretária de Obras que o prefeito Victor trouxe do ventre de sua administração e se mostrou, apesar de seus 34 anos, uma excelente administradora, botando veemência na administração com obras e divulgação delas a todo momento. Óbvio que não trabalha só pra si, elevou a administração de Victor a patamares reconhecidamente importantes.
Mas o que está ocorrendo de anormal? O tráfico de pesquisas, sem qualquer valor técnico-científico. Tais pesquisas vem enganando até mesmo velhos políticos. É cedo ainda para levantamento da opinião pública? Sim e não. As pesquisas, quando técnicas, servem para orientar os candidatos e seus assessores. Mas, quando forjadas, enganam a eterna vaidade dos políticos. Conseguem desfigurar a inflada e inchada vaidade dos políticos. Até mesmo a modéstia organizada. Os autores de pesquisas desonestas corrompem tanto mais quanto, precisamente, satisfaz em cada qual o que dentro de si leva de mais primário. Mais um argumento: você não pode comparar Lorena com Bruno, Alan ou Juninho. Saíram ontem mesmo de uma eleição trazendo um recall.
Ninguém consegue, por óbvio, extrair, por ora, do governador Casagrande, nem mesmo do prefeito Victor, quais seriam os seus candidatos a prefeito nas próximas eleições. Mas, no caso de Victor, se levar em conta o sucesso de sua secretária Lorena, que precisa ser preparada e apresentada como política à população, que ainda não a conhece devidamente, ela é pule de dez.
Por outro lado, com todos esses nomes assentados, o deputado Ferraço acompanha cada movimento lá em Itapemirim, raciocinando em conjunto com a ex-deputada Norma Ayub. Mostra, em princípio, uma possível aproximação com o prefeito Victor na área federal, porém examina o quadro sucessório municipal com cuidado. Claro que, na composição da estratégia, entra em campo uma eventual candidatura de Ricardo ao governo na sucessão de Renato.
Claro que Victor almeja ser deputado federal, mas para tanto necessita de um apoio intenso do prefeito que o suceder. Meditará muito, por certo, com os conselhos de seus dois mandatos. Outro ponto é que necessita continuar o seu trabalho. O que será difícil de acontecer se perder a eleição. A única paz que o político carrega - e é possível - é a paz consigo mesmo. Eis o que garante uma vida intensa e variada, desvanecedoras de experiência.
